domingo, 24 de outubro de 2010

“Eu” Deus?

 

fe

Certo dia me propuseram um desafio escrever sobre Deus? Não sobre o que eu acho sobre o Deus divindade, mas sim sobre um Deus que está cansado dos problemas que nós seus filhos deixamos para ele e acaba por se deter em um divã... Eis o grande desafio Deus no divã? Seria possível? Eu seria capaz? E eu pergunto a Deus, eu sou capaz? Eis que minha imaginação responde com receio e com dó de minha própria capacidade, não pelo fato de tentar, mas pelo fato de concretizar algo que muitos talvez pensassem, mas poucos o fizeram... Eis que enfim torno-me Deus... Um eu Deus... E num passe de mágica. Esqueço-me de minha família. De minha existência, a partir desse momento quem escreve sou “Eu” eu “Deus”...

Cansado e estressado dos problemas que meus filhos me trazem, afinal de contas você deve estar se perguntando, Deus se estressa? Deus se cansa? Eu respondo te fiz minha imagem e semelhança, seus problemas também são os meus problemas..., mas continuando cansado de todos esses problemas; resolvi descer a terra e caminhar entre multidões e de pessoas que nem notam que sua existência depende de minha vontade e de minha compaixão... Eis aí a falta de consideração de muitos... Muitos que pedem e pouco agradecem... continuo a andar eis que me deparo em frente há uma clínica de um psicólogo... e resolvi entrar, sem marcar hora, sem falar com atendente entrei e sentei-me no divã do tal psicólogo... Eis que ele já foi perguntando- qual seu nome engraçadinho que não marcou hora e já foi entrando? Eu respondi: - Deus.

-Pois bem Deus, se você é mesmo o tal por que está aqui... Deus não tem problemas e sim soluções...

Perguntei-lhe: - Como sabe disso? Freud não lhe ensinou isso.

Psicólogo:- é óbvio Deus nos criou e Deus é perfeito não tem problemas...

Eu Deus:- É aí que você se engana vocês meus filhos muitas vezes são meus problemas...

Trouxe-lhes dei a vida... Dei-lhes escolhas... Dei-lhes o livre arbítrio... Se vocês tem problemas, esses problemas passam a ser meus.

Pede-se, concedo... Concede-se, pedes mais, se pedes mais, concedo novamente, e onde fica obrigado? Onde fica a gratidão?

Pede-se perdão, eu perdoo se pedes novamente, perdoo novamente, mas onde fica o perdão com o próximo? Onde fica o arrependimento?

Psicólogo:- Muito bem Deus então porque não se livra de seus problemas resolva tudo num piscar de olhos afinal você é Deus. Tudo pode... Deixe os seres humanos no automático, faça com que sejamos perfeitos...

Eu Deus:- Mas eu criei a perfeição, não quero marionetes, quero seres humanos que possam optar, pelo melhor pra eles, mesmo que esse seja o pior, mas estarei deixando-os livres, para escolherem, sua vida, sua esposa, sua profissão, sua sexualidade, sua opinião, seus desejos, seus sonhos, mas o que as pessoas não entendem é que não lhes dei nada de mãos beijadas, levei tempo para criá-los, lhes dei a fechadura, basta procurarem a chave certa... Pedir é fácil... agradecer é difícil...

Peço humildade, mas para se ter humildade é preciso ser humilhado... Todo ser humano humilde, já foi humilhado um dia é fato! Eis um exemplo em minha frente, não é mesmo senhor psicólogo?

O psicólogo assustado responde: é realmente você tem razão, mas isso não prova que você é Deus e que está precisando de meus conselhos...

Eu Deus: - Não estou aqui para lhe pedir nada, estou aqui para lhe contar... Para lhe ensinar a ouvir o que eu quero q você diga as pessoas...

Que elas são livres para serem livres, desde que isso não prejudique seu semelhante, que sejam felizes, mas não com a infelicidade dos outros e que sejam únicos, pois cada ser em si é singular e mesmo com hábitos iguais, aparências semelhantes à busca por ficar cada vez mais parecido com um ideal imposto pela sociedade... Caro psicólogo “isso não vale nada” é isso que quero que vocês entendam... É isso que quero que vocês descubram...

Psicólogo:- então é fato. Estou lhe dando com um louco que se passa por Deus.

Eu Deus:- É fato estou lhe dando com um louco que se passa por psicólogo...

E quando eu sair entenderá o que estou falando... Talvez um dia te chamem de louco, mas nesse momento você estará fazendo o que é certo e com certeza estará em sã consciência de seus atos e eu estarei lhe apoiando pra ajudar-lhe a cumprir um de meus propósitos...

Eis que lhe passei um de meus principais problemas: a falta de compreensão de seus semelhantes...

Talvez, esse momento no divã não faça muita diferença na vida de outros, mas creio que fará diferença em sua vida...

Continue seguindo sua vida, nunca mais esquecerá nossa conversa, você saberá o momento certo de dizer para seus pacientes que são pessoas livres pra escolher, e que suas escolhas, seus pedidos, suas decisões acarretaram em mudança por toda sua, só nunca se esqueçam da gratidão, mesmo em momentos ruins, gratidão é necessária, não os fiz marionetes, pois seria muito fácil programa-los para dizer obrigado, e não foi esse o meu propósito... Quero que agradeçam de verdade quando os seus corações estiverem prontos...

Despedi-me e comecei a retirar-me do local... e já longe olhei para trás e então o psicólogo com o os olhos encharcados de lágrimas, falou com uma voz tremula mas enfim verdadeira, sem sarcasmo, sem prepotência, fez soar de sua boca a palavra que nunca havia me dito eis o tão esperado “Obrigado”.